terça-feira, 14 de julho de 2009

O fim do arco-íris


A estrada húmida,
o corpo melado pelo calor,
e uma sensação de desconforto,
atenuada apenas pelo prazer da viagem,
real,
saboreada a cada passo percorrido.

No céu, dois arco-íris espreitavam,
e no final de cada um,
o caldeirão de ouro,

talvez...
o fim do sonho ou o seu início...

Em redor a densa vegetação oprimia-me,
revelando toda a natureza,
poderosa,

imponente.

O cheiro da terra tocou-me,
senti-me possuída,
por essa terra vermelha de onde nascem
e onde regressam todos os seres vivos,
esse ventre materno que nos dá vida
e nos acolhe por fim.


Lá longe, os nativos caminhavam,
pobres,

descontraídos,
esboçando sorrisos,
alheios aos meus pensamentos,
felizes na sua ignorância...

Olhei para os meus braços,
húmidos e quentes,
senti um arrepio

tremi de vergonha,
percebi então
que a minha pálida cor
ditou o meu conforto
e o desconforto deles.

Sinto o peso da culpa,

de um passado que não fiz,
mas do qual faço parte.

O arco-íris esbateu-se
tão suavemente como surgira...


E não voltou...

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