sábado, 11 de julho de 2009

Em busca do tempo perdido

I hold it true, whate'er befall;I feel it, when I sorrow most;'Tis better to have loved and lostThan never to have loved at all.
Alfred Lord Tennyson, in Memoriam, 1850

O tempo passa mais depressa do que desejamos, pelo menos, mais depressa do que alguma vez desejei. Errei pela vida na pele de um Dom Quixote feminino, louca atrás do que nunca podia ter, quando afinal de contas sempre tive tudo, sem sequer o saber.
Não possuímos nada, nem ninguém. Não pertencemos a ninguém, mas ao mundo. Tudo o que possuímos na verdade é o nosso próprio Eu, por isso mais vale aprendermos quanto antes a aceitar quem somos e a melhorar o que julgamos necessário e possível melhorar.
Errar, todos erram, é humano e é o que nos torna mais interessantes, pois podemos reinventarmo-nos a cada dia que passa. É talvez este acto magnífico de recriação que nos aproxima mais de Deus e o que nos afasta mais Dele também! Um paradoxo? Pois será! Mas é igualmente a única forma de caminharmos no sentido da verdadeira Vida – repleta de emoções, experiências, sensações, lágrimas, sorrisos e risos, dores, desilusões, desejos, vontades, momentos de felicidade ou de total angústia. Seres frágeis e fortes, capazes de dar vida e de a tirar, seres humanos em eterno devir, numa busca incessante por um lugar ao sol.
E quando um dia acordamos e percebemos que já se passaram 20, 30, 40 anos da nossa vida, durante os quais foram mais as vezes que tropeçámos e caímos, do que as vezes em que nos levantámos e subimos mais um degrau da vida? O percurso é, talvez, mais importante do que o objectivo final, mas será preciso atravessar desertos, pisar espinhos, percorrer labirintos sem um croqui para nos orientarmos? Será que tudo tem de ter sabor a lágrimas?
Será que a juventude perdida é a única coisa que nos agarra à vida?
Não, não quero acreditar nisso. Não quero acreditar que já se esgotou o meu tempo. Não, o meu tempo sou eu que o construo, responsável pelos meus erros, pelas minhas vitórias. Se é que as tive!! Não interessa o que passou, excepto pela aprendizagem que nos trouxe. Importa agora olhar em frente, acreditar e agir.

Após este interlúdio quase filosófico, eis que me dou conta que não foi nada disto que me levou a sentar e a escrever. Afinal o que me trouxe aqui? A este encontro comigo, a este momento em que a reflexão e a introspecção jorraram para o papel, perdão, para o interior do meu computador como quedas de água impossíveis de conter? Ah, já sei! Queria ajudar um amigo, que se queixou de mais uma desilusão de amor. Como se o amor fosse outra coisa senão desilusão! Amor, esse Graal que todos buscamos! Amores difíceis, incompreendidos, sofridos, mas sempre o mesmo amor. E a eterna busca...
A minha avó costumava dizer que o que tiver de ser nosso, às nossas mãos virá parar. Ela acreditava numa espécie de determinismo amoroso, como se a nossa história de amor estivesse já escrita e bastasse lê-la, na altura certa. Cheguei a pensar desta forma. Hoje acredito que temos de lutar também pelo amor, temos que lutar por tudo nesta vida.
Entretanto, e a propósito de teres escrito “Na neve” no msn, lembrei-me de um provérbio turco, “Before you love, learn to run through snow leaving no footprints”. Acho que se adapta ao que tens de tentar fazer nos próximos tempos – aprender a amar sem deixar marcas, pelo menos, marcas de dor. Além de que tens de estar bem contigo próprio, antes de estar bem com alguém. O que a priori é estranho! Não te conheço profundamente, é verdade, mas aparentemente tens todos os ingredientes para seres feliz. Tens juventude, estás a fazer o que realmente gostas, és bem parecido (na realidade muito bem parecido mesmo!), tens muitas mulheres interessadas em ti (basta escolheres), tens família, algum poder económico, o que falta? Apenas tempo para te encontrares e encontrares alguém para partilhar alegrias e tristezas! É um cliché? Talvez, mas é também um facto.
Há bocado disseste que estiveste doente e que te sentiste mal durante um jogo – isso sim é grave, porque tens de respeitar o teu corpo, tal como o teu espírito. Se o corpo te envia sinais para parares, tens de parar, não podes correr o risco de perder a tua grande paixão a nível profissional!

Mas por hoje basta – não te vou massacrar com mais palavreado. Aproveita o que a vida te dá, tira partido das oportunidades, mas nunca percas o lado humano, familiar, amigo.
Há sempre alguma forma de conciliar as coisas, mas também é verdade que a vida é feita de escolhas e que, por vezes, algo tem de ficar de lado. O importante é que nunca te obrigues a fazer o que não queres, porque um dia mais tarde vais sentir raiva de próprio e vais viver amargurado. Sei tão bem o isso é, amigo. São horas e horas às voltas na minha cama, sem dormir, a pensar e repensar nas inúmeras vezes que me violentei para agradar aos outros, desde família, amigos, patrões, maridos e namorados. Gastei tempo a ser o que os outros queriam que eu fosse e hoje sou um poço de revolta e amargura e estou só. Encontro-me naquele ponto em que já nada espero da vida, excepto a nível profissional, pois finalmente parece que descobriram que eu tenho valor e sirvo para alguma coisa concreta. Se não for tarde demais, é claro...

Quanto a um “nós” que nunca existiu, fica no imaginário o que podia ter sido, noutro tempo, noutro lugar... com amor ... sempre

Sem comentários:

Enviar um comentário