sexta-feira, 10 de julho de 2009

Libertação



Entre quatro paredes me encontro.
Paredes grossas, amareladas, esburacadas.
Vivendo um pesadelo acordada.
Presa, encurralada, sem fuga possível.
É o cárcere em vida!
Acusaram‑me!
Culparam‑me!
Atiraram‑me para uma cela
e trancaram a porta.
Fortes grades de ferro separam‑me do mundo,
um mundo mais sujo e fétido que esta cela.
O mesmo mundo que recusei aceitar.
Busquei um ideal, lutei por ele,
mas eles não entenderam,
que por eles lutava também.

É a prisão forçada, não merecida.
Sinto a dor da clausura,
superior a qualquer tortura física.
Negaram‑me a liberdade.
E como louca me acorrentaram.

A um canto, a brilhar,
como uma pequena pedra preciosa,
vislumbro um pedaço de vidro.

Faço‑o deslizar pelos pulsos,

suavemente como uma carícia.
Observo fios de sangue que escorrem
para o chão.
Invade‑me uma sensação de paz,
de alívio.
Respiro devagar.
A cela enche‑se de uma luz ténue e doce.
Sinto‑me flutuar,
O sangue invade lentamente o soalho.
Deixo cair a cabeça sobre o peito cansado.
Livre enfim...

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